O cliente pede um orçamento para um trabalho que deverá estar pronto daí a um mês.
O trabalho é coisa para durar 2 semanas, mais uma de margem de segurança, e avançamos uma data de entrega para daí a 3 semanas.
Mas o cliente demora uma eternidade a responder.
Quando finalmente responde, duas semanas se passaram. Entretanto aceitámos novos trabalhos que vieram preencher a nossa agenda, e não só ficamos apenas com duas semanas para fazer o trabalho como ainda por cima dessas duas semanas, metade do tempo já está agendado para outros trabalhos.
Depois vêm as directas, a desmotivação pelo cansaço, a inerente perda de qualidade. Ocasionalmente lá se consegue negociar a entrega de sexta para segunda seguinte e passamos o fim de semana a trabalhar, mas deixamos uma má impressão no cliente (afinal fomos nós que indicámos aquela data originalmente...).
Isto já sem contar com a lei de Murphy em que ficamos sem computador/internet/capacidade de trabalhar por algum motivo. O artista não é uma empresa, em que se um trabalhador adoecer outro toma o seu lugar. O cliente espera que o trabalho seja feito por uma pessoa concreta.
Então como lidar com esta situação se nos deixarmos arrastar para ela?
A primeira coisa a fazer é contactar o cliente.
Nada de "ah, mas...", nada de choradinhos.
Há que ser profissional e honesto e explicar ao cliente que a estimativa foi feita com base na aprovação imediata e que contemplava um determinado prazo para o trabalho.
Que como é natural um profissional liberal não pode ficar à espera que um cliente se decida por um orçamento, e como é natural aceitou novos trabalhos. Explicar bem como está neste momento a agenda, qual a disponíbilidade e qual o menor prazo em que conseguimos entregar um trabalho de qualidade.
Muito provavelmente o cliente já deu um prazo com margem de segurança.
O próximo passo é aprender com o erro.
Em cada orçamento enviado, estipular apenas o tempo previsto de execução, nada de datas. Demora 2 dias, demora 3 semanas. Isto permite ao cliente saber quando pode contar com o trabalho após a adjudicação.
Explicar bem que esse prazo é uma estimativa e que o prazo final só será indicado após a adjudicação, porque no hiato de tempo em que o orçamento foi entregue e o cliente respondeu podem ter surgido trabalhos que vêm preencher a agenda. Normalmente é boa política dar um prazo de validade ao orçamento, não só para salvaguardar a disponíbilidade mas também para fazer alguma pressão para que o cliente se decida.
Na eventualidade de realmente cair um trabalho que requer resposta urgente dentro do prazo de validade do orçamento, informar de imediato o cliente das novas condições. Qual a nova disponíbilidade de agenda e em que prazo conseguimos razoávelmente entregar o trabalho.
E finalmente se não der para cumprir com o prazo pedido pelo cliente, declinar graciosamente o trabalho. É duro, mas mais vale dizer que não a não cumprir com um prazo. Afinal um freelancer vive da sua reputação.
E vocês, já se deixaram arrastar para situações destas?
Partilhem as vossas experiências com prazos loucos.
Tive uma situação destas. Dei um mês para conclusão do trabalho, contando com todos os factores que descreves aqui e alertei para o perigo de falhar à medida que o prazo estreitava e nada de ok final. Quando veio o Ok, deixei-me levar na onda e PUMBA! lixei-me! Noitadas noitadas e falhei o prazo redondamente. Acabei por ser forçado a sucessivos adiamentos de entrega (péssimo), mais, para uma data limite acabei por apertar tanto que tive de descorar a qualidade largamente. Resumindo, foi um inferno. depois ainda tive de refazer os que estavam fracos. No fim das contas acabei por demora o prazo que apresentei no início. Eu fiz as contas certas, falhei foi na negociação posterior. Agora já sei. Tinha aprendido a prever prazos mas não tinha aprendido a negociá-los e defende-los. Mas pronto, gostaram do trabalho e isso ajuda a aligeirar um pouco a coisa. Do mal o menos! A não repetir o afrouxamento negocial.
ResponderExcluirNestas coisas nada como ser honesto com o cliente.
ResponderExcluirExplicar bem as consequências e tentar negociar a coisa de modo a que o cliente saia a ganhar.