Mas talvez seja um erro para o freelance aceitar fazer o desconto.
O que é que está em causa aqui?
Primeiro que tudo o desconhecimento jusificável por parte do cliente do processo de trabalho de um freelancer.
O que seria natural para qualquer empresa, uma vez que ao aumentarem a produção reduzem o custo por peça e não é senão natural que façam esse desconto, não se verifica para o freelancer. Este é uma pessoa só a trabalhar e não consegue reduzir custos apenas pelo facto de ter mais trabalho.
Antes pelo contrário, a dedicação exclusiva a um único trabalho, algo a que um freelance não está normalmente habituado, vai requerer um esforço suplementar para manter a dedicação e qualidade ao longo da obra.
Em segundo lugar, está a visibilidade. Um trabalho grande implica normalmente um periodo longo de ausência do mercado de trabalho. E a visibilidade é um factor essencial para que um freelancer tenha trabalho. Ninguém dá trabalho a quem já esqueceu.
Em terceiro lugar está a disponíbilidade. Se o freelancer pega num trabalho grande, há sempre uma forte probabilidade de ter que dizer "não" a novos clientes ou pior, a um cliente que gostou do trabalho dele e quer mais. Não atender esses clientes implica não só deitar por terra todo o trabalho que se teve a fidelizar o cliente como se corre o risco de o cliente depois de ter experimentado outro colega, não recorra mais aos nossos serviços, porque as pessoas de um modo natural oferecem alguma resistência à mudança.
Considerando estes factores, de repente um trabalho grande poderá até ficar mais caro.
Por isso o ideal nestas situações é conversar sobre estas questões préviamente com o cliente, para que haja alguma abertura para particionar o trabalho, negociando os prazos a cada tranche.
Isto permite não só alguma respiração entre fases como um melhor agendamento do trabalho, que permita ao freelancer cumprir com prazos e qualidade.
Como é que vocês negoceiam os vossos "descontos"?
Em termos práticos, ainda não consegui negociar descontos ou "atenções", como certos clientes gostam de nomear cortes em orçamentos.
ResponderExcluirEu tenho descoberto que o mercado está completamente viciado neste aspecto, porque no momento em que argumentas os factos óbvios que tens aqui enunciados, o tom do outro lado dá-te logo a entender que és uma de várias coisas: arrogante, ingénuo ou chico-esperto.
Tive há pouco tempo uma experiência em que andei de trás para a frente com um trabalho, perdi tempo à espera, recusei um trabalho no meio do processo, e antes de sequer fazer a minha parte, foi-me pedida uma "atenção".
A contrapartida tácita nestas negociações é sempre a perda automática do cliente em próximos trabalhos, coisa que pode sempre acontecer na mesma, mas é uma coisa com que se tem que viver enquanto não formos tratados como profissionais com regras e condicionantes específicas ao nosso trabalho.
Idealmente, e na minha opinião, não se devem negociar descontos, mas enquanto tomarmos essa posição individualmente, vamos continuar a ser excepções á regra de que há sempre alguém que cede e trabalha por menos a que tem direito. A questão do faseamento é lógica para nós, mas nunca conheci um cliente que não te apresentasse o prazo de entrega à partida como o "fim do mundo em cuecas", por isso, não vejo como negociar esse tipo de condições. :)
O mercado está cheio de prima-donas, não apenas no nosso meio. O mais provável é que o cliente tenha tido más experiências, e que aja em conformidade.
ResponderExcluirResta ter uma atitude profissional que seja firme o suficiente para retirar ao cliente esses "medos".
Começam por ficar assustados, porque estão habituados a um contacto mais informal, mas é no interesse do profissional que encare o que faz como um negócio antes de tudo.
Uma base sólida de negociação normalmente descansa o cliente quanto ao que pode esperar do profissional, e deixa-o muito mais aberto a algumas exigências.
Quanto a negociar prazos, é um assunto que tratarei mais à frente, ainda tenho que maturar a ideia.
Bom comentário, já agora, obrigado.