segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O "concurso"

O "concurso" está na moda.
O cliente quer editar um livro ilustrado.
Trata então de contactar uma série de ilustradores para que façam duas ou três ilustrações com base no texto, de modo a que o autor possa avaliar como irá ficar o produto final e escolher o ilustrador que mais lhe agradar.
Apenas não quer pagar nada por este trabalho inicial.
O vencedor ganha a possibilidade de ilustrar o livro, nos preços e dentro dos prazos definidos pelo cliente, e perde todos os direitos sobre as imagens.
Curiosamente, os valores oferecidos por este género de clientes são, regra geral, abaixo do valor médio de uma ilustração.

Então qual é a vantagem?
Nenhuma.

Isto é conhecido por "spec work", e traz à tona uma discussão acesa que se gerou com o evento do acesso generalizado a ferramentas profissionais. Mas o pincel não faz o artista, ou faz?
Além do mais, não é senão natural que o cliente queira uma garantia de que o produto final que obtem é exactamente aquilo que pretende. Mas se eu vou avançar com uma proposta, e no final o que ganho é menos que o que cobraria a um cliente normal, onde é que eu recupero o risco dessa proposta?

Como disse, a discussão sobre a legitimidade e justiça deste género de "concurso" está ainda muito acesa no meio profissional, e no fundo creio que caberá a cada um decidir por si se precisa mesmo de se sujeitar a este género de condições, e o mercado tratará de dar ou não continuidade a este género de propostas.

E é aqui que entra o objectivo deste post.
Dizer "não, obrigado".

Dizer não a uma proposta destas é dificil.
Principalmente porque qualquer ilustrador profissional fica legitimamente ofendido, e não é fácil ser-se diplomático quando alguém mexe com os nossos sentimentos.

Para dar alguma ajuda, elaborei uma carta que partilho convosco, que podem livremente alterar, adaptar e usar como vossa.
Tenta ser profissional, equilibrada e diplomática, faz saber ao cliente o nosso propósito enquanto profissionais e ajuda a aliviar um bocadinho aquele sentimento de que estão a desvalorizar o nosso trabalho.


O que acham? É uma boa alternativa? Funciona? Como podemos melhorar a carta?

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